05/07 - Bradesco paga R$ 16 bilhões e conclui compra do HSBC Brasil; Sindicalistas exigem proteção ao emprego

Destaques | 05/07/2016 às 10:35:15 | por Administrador

O Bradesco anunciou nesta sexta-feira (1º) ter pago R$ 16 bilhões na conclusão da compra de 100% das operações do HSBC no Brasil. Segundo o banco, o valor está sujeito a ajustes após conclusão do balanço do HSBC Brasil nesta sexta-feira.

"Os clientes do HSBC Brasil continuarão a ser atendidos em suas agências de maneira habitual e passarão a contar com produtos, serviços e comodidades oferecidos pelo Bradesco, a  partir  da data da integração tecnológica do HSBC Brasil no Bradesco, que será oportunamente  divulgada ao mercado", informou a instituição.

O Bradesco anunciou a compra do HSBC em agosto do ano passado por US$ 5,2 bilhões (o que na época equivalia a R$ 17,6 bilhões) em dinheiro.

Com a aquisição, o Bradesco assumirá todas as operações do HSBC no Brasil, incluindo varejo, seguros e administração de ativos, bem como todas as agências e clientes.

 

Aumento de 15,9% em ativos

Com a união das operações, o Bradesco aumentou o valor total de seus ativos em 15,9%, ou R$ 175 bilhões, totalizando R$ 1,276 trilhão, segundo informou o banco, encostando em seu maior concorrente, o Itaú. O Banco do Brasil é o líder, segundo dados do banco Central.

Já a carteira de crédito do Bradesco cresceu 15,4%, alcançando R$ 534,5 bilhões.

O negócio foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no começo de junho, com restrições.

Entre as ações que o Bradesco terá que adotar está estimular atuais clientes do HSBC de 106 cidades do país a transferir operações de crédito (como empréstimos pessoais) para outros bancos que sem ser os quatro maiores: Banco do Brasil, Caixa, Itaú, além do próprio Bradesco. Além disso, o acordo impede que o banco compre uma nova instituição financeira por 30 meses.

 

Sindicato se reúne com diretores do banco

Os representantes dos trabalhadores do Bradesco e do HSBC da base do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região se reuniram, no dia 29 de junho, com a direção do Bradesco, em Curitiba. Durante a reunião, que aconteceu a pedido da instituição financeira, os representantes do banco esclareceram como será concretizado o processo de aquisição do banco inglês e se comprometeram a manter o canal de diálogo aberto com o movimento sindical. Já os dirigentes sindicais cobraram, mais uma vez, garantia de emprego para os trabalhadores.

Segundo a direção do Bradesco, após a conclusão do processo de compra e venda do HSBC, nos 100 dias que se seguirem, será encaminhada a fase de transição, com manutenção da bandeira HSBC, treinamentos de funcionários e testes nos sistemas operacionais. De acordo com o banco ainda, nesse período, não haverá nenhuma mudança substancial. Ao ter acesso detalhado às informações relativas à carteira de clientes e ao corpo funcional, o Bradesco irá construir um plano de reorganização das áreas e estruturas. A partir de 07 de outubro, haverá a transformação efetiva do HSBC em Bradesco, com extinção do primeiro, troca de bandeiras e funcionamento pleno dos sistemas operacionais.

A direção do banco garantiu, mais uma vez, que não realizará demissões em massa e disse que oferecerá oportunidades para todos. “Consideramos como positiva a disposição do Bradesco em esclarecer o processo de transição. Mas, enquanto representantes dos trabalhadores, estaremos atentos a todas as movimentações realizadas durante o processo de transição e vamos cobrar comprometimento em atender as expectativas dos funcionários do HSBC”, avalia Elias Jordão, presidente do Sindicato. "É importante lembrar que nossa prioridade das negociações com o banco sempre foi o emprego. A partir das respostas do Bradesco, estaremos dando retorno à nossa base e não aceitaremos que as expectativas sejam frustradas", completa.

 

Reivindicações

Após os esclarecimentos realizados pela direção do Bradesco, os dirigentes sindicais reiteraram as preocupações que rondam os trabalhadores: além da possibilidade de demissões em ambos os bancos, sobretudo nos centros administrativos, foram apontados o aumento dos investimentos em tecnologia, em detrimento às condições de trabalho; a falta de funcionários nas agências do HSBC e Bradesco; as preocupações sociais, com os demais empregos indiretos gerados pelo HSBC em Curitiba e no Paraná; os direitos já conquistados pelos trabalhadores dos dois bancos, com relação à remuneração, previdência, plano de saúde e organização; e a necessidade de uma comissão de representante dos funcionários para acompanhar e negociar a transição.

 

Respostas

Diante das cobranças do movimento sindical, a direção do Bradesco disse não poder garantir empregos, mas ressaltou que o banco possui “boa intenção” e motivações para valorizar as pessoas, já que essas são as responsáveis pelas boas relações. Frente a todas as mudanças que acontecerão, o banco informou que espera que os trabalhadores tenham disposição para se adaptar aos novos modelos e estruturas. Segundo eles, a compra do HSBC é a maior aquisição da história do banco brasileiro e serão feitos todos os esforços necessários para o seu sucesso.

A direção do Bradesco também informou que pretende manter a rede de agências do HSBC e que as sobreposições serão avaliadas em breve. Já estão previstas, inclusive, ampliações nas gerências e diretorias regionais. O estado do Paraná também foi citado como relevante, sobretudo diante das limitações físicas do complexo financeiro existente, localizado em Osasco (São Paulo). Por fim, o banco informou que, apesar do ciclo econômico desfavorável, tem feito a reposição de vagas e que pretende continuar agindo assim. Em apenas um ano, de março de 2015 a março de 2016, foram 3.581 empregos a menos no Bradesco.

 

Fonte: G1 / SEEB Curitiba / Fetec-CUT/CN


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